Depois de tudo.
Então, parece-me que de verdade cheguei a um fim.
Recostada aqui à minha mesa de pensar
Um espelho e estas linhas sob meus olhos
eu posso finalmente ver
Já estava mesmo tudo acabado
E só eu, tonta, ainda não tinha conseguido enxergar.
Parecia estar tudo certo
parecia tudo muito bonito
Ele disse que me amava, droga
Por que eu iria duvidar?...
Afinal... ele era mesmo o príncipe.
Mesmo agora, não sei
se as palavras estão saindo pelo menos coerentes
se era mesmo pra ter sido assim
se ele pensa agora em mim
Eu realmente não sei
E fico pensando
hoje mesmo o sorriso já estava em seu lábio
Será que era só comigo então?
Será que serão só as minhas lágrimas que mancharão este papel?...
Eu não entendo mesmo
e mais ainda eu penso
De que, meu Deus, adiantou tudo?
minha imagem refletida aqui
em nada mais lembra aquela que havia sido tanto amada
e amava, muito, demais
em nada
Uma pesada maquiagem para esconder as evidências da maldade dele nos meus dias
Olhos contornados e sorrisos
mesmo assim
ainda estou transparente.
Porque eu achava que havia encontrado meu lugar
mas, que coisa!, nós somos muito novos para isso, não é mesmo?
E toda a dignidade que possa ter havido
em meus gestos, nas minhas palavras, em tudo
toda ela desapareceu.
Eu estou me olhando no espelho agora
meus olhos tão encharcados
meu rosto tão manchado
tão cheio de dor
Não é bem tristeza
Mas talvez rancor
E isso seria uma palavra muito forte.
Enfim, eu não sou tão maravilhosa assim
tão cheia de qualidades
tão cheia de inteligência, excentricidade e beleza
Porque neste momento
nada mais existe aqui
por hoje
eu nada mais quero que exista
E talvez eu queira mesmo morrer
já que a comida não entra, o sono não dura, a voz não sai
Talvez eu queira mesmo morrer
Ou até algo bem pior — deixar de amá-lo.
12/9/2009.