[A Metade Amorosa de Nós]
[Para você — é claro!]
Metade — quantos sentidos carrega esta palavra...
Quantas metades vagueiam pelas esquinas,
pelas ruas, pelos bares, pelos espaços vazios,
perdidas das correspondentes metades...
Metades assim, sôfregas de completude!
Metade — atroz é a perda da metade
encontrada no acaso de uma circunstância...
E mais do que doloroso é ver adoecer,
colada ao nosso corpo, à nossa vida enfim,
aquela que um dia foi a metade sonhada...
Metade — o espanto... o aturdimento
na busca de metades sonhadas,
ou no devaneio de metades sonhadoras,
perdidas... o olhar esquecido no nada!
E no entanto, a metade separada de nós,
e oculta do nosso olhar, anda pelo mundo,
perdida nalgum lugar, em algum tempo...
[Metade amorosa — ah, essa idéia,
essa imagem poética assim banal,
de tantos e tantos séculos viajada,
mas nunca desgastada ou esquecida!]
[Penas do Desterro, 08 de julho de 2011]