A SOLIDÃO, SÓ, INTEIRA A SÓS, APENAS A SÓS CONSIGO MESMA A SÓS

Nunca, jamais poder estar completamente a sós com a própria solidão, por um momento que seja a esbarrar apenas em si mesma, numa sala, num corredor, numa cozinha... a sós consigo mesma em uma rua, em uma praça alhures, alhures debaixo de outro céu, alhures diante de outro mar... como se o estar assim, por um momento que seja, inteira, completa e dentro da própria solidão, como pérola insuspeitada dentro de uma concha, tenha o poder, por um momento, de devolver ao ser, o ser.

Saborear a própria vera e absoluta solidão, sem testemunhas que a saibam nem que a intuam nem que desconfiem como ela é, completa, inteira... indivisível, levá-la a caminhar a esmo, só entre desconhecidos, esses evanescentes, esses que desaparecem sem deixar vestígios, esses que não pousam, que não entram, que não permanecem, que não voltam... por um momento a solidão liberta, a solidão sem remorsos de si mesma... por um momento, por uma alucinação.

Às 19 horas e 7 minutos, ainda do dia 03 de julho de 2011.