O Semeador
O semeador tinha mãos calejadas, sofridas e cansadas.
Todos os dias ele contemplava a nascente do sol e o poente caminheiro.
Aos poucos conhecia a Geografia observando a natureza.
Aprendeu também, qual era a estação propícia para a semeadura.
Tanto se encantava com a beleza da lua, que percebeu sua influência no plantio.
O dia tão esperado chegou, ele acordou antes do romper da aurora.
Hauriu o ar puro e limpou os pulmões.
Lembrou-se do cigarro e fez trejeitos com as mãos e os lábios, como se tivesse fazendo um cigarro de palha.
Desistiu e pensou: “Como é difícil vencer o vício!”
Sua vontade prevaleceu e o cigarro esqueceu.
Nesse ínterim, atrás do monte o sol raiava majestoso, deixando-o comovido.
Era o momento que o campo lhe convidava, oferecendo um grande banquete.
A deusa da agricultura estava presente, intuindo-o.
Não perdeu tempo e seguiu uma trilha, em minutos seus pés sentiram a maciez da terra.
Suas mãos calosas afagaram as sementes como pérolas.
Aliou sua voz de benzedor a uma semeadura cheia de amor, entregando de coração à terra fértil o seu tesouro.
Dias passaram...
Numa manhã primaveril, a vida desabrochou diante do seu olhar contemplativo.
Lá estava ele, o semeador de vida simples deleitando sua alma de felicidade.
A sua trajetória fez com que ele conhecesse a Natureza em sua plenitude...