Oração Aos Moços...
Oh, hora que passa, e prima,
Este momento com bênçãos de luz!
Reporto-me aos meus 50 anos para professar o meu credo,
E como milagre Divino estar aqui em espírito,
Chover palavras dulcíssimas sobre a criatura humana,
Como o firmamento chove, sorrateiro, nos campos áridos,
E tristes nas orvalhadas das noites,
Que se esvai como tudo;
Como os sonhos ao cair dos primeiros raios,
D'oiro do disco solar,
Permita-me, meus filhos, experimentar,
Uma vez que seja, este suavíssimo nome,
Até onde chegam as vibrações do sentimento
Até onde se perdem os surtos da poesia,
Até onde se perdem os vôos da crença;
Até onde Deus, indiviso, com os panoramas,
Íntimos do coração,
Mas, presente ao céu e a terra,
A todos presentes,
Enquanto nos palpite,
Incorrupto, no seio,
O músculo da vida e da nobreza,
E da bondade humana.
Entre vós ainda brilha em toda sua rutileza,
O clarão da lâmpada sagrada que arde,
A que se aquece a essência d'alma,
E que Deus assim o prescreve, incontaminado,
Para o coração, não há passado, nem futuro,
Nem ausência, tudo é atualidade,
Tudo é presença animada e vivente, palpitante,
Neste regaço interior, onde os mortos renascem,
Prenascem os vindouros, e os distanciados,
Se ajuntarem, ao influxo de um talismã,
Nesse mágico microcosmo de maravilhas,
Encerrado na breve arca de um peito humano,
Estendamos as mãos, entre os dois pontos que a labutam,
Pois àquele já se estabelece a corrente, rápida,
Com o pensamento, corre a emanação magnética,
Desta extremidade à oposta,
Já num aperto se confundiram as mãos,
Que se procuravam, e num amplexo de todos,
Nos abraçamos uns aos outros,
Observamos, conversamos, de presença a presença,
Entrelaçados a colação de vosso grau,
Com a comemoração jubilar da minha,
E dando-me a honra de vos ser eu paraninfo,
Urdis, no ingresso a carreira que adotastes,
Um como vínculo sagrado,
Entre vossa excelência intelectual,
Que se enceta,
E a do vosso padrinho em Letras,
Que se acerca do seu termo.
Preservai, vossas almas jovens,
Desses baixos e abomináveis sofismas,
Se quiserdes honrar vossa vocação,
Estais dispostos a cavar nos veios de vossa natureza,
Até encontrardes o que vos hoje reservado,
Não troqueis a noite pelo dia,
Tomais exemplo das estrelas da manhã,
E lograreis para vós mesmos,
Madrugarem no ler e também no pensar:
O saber não está na ciência alheia;
Mas nas idéias que geram dos conhecimentos absorvidos,
Tomai o que vos indicaram vossos sentimentos,
Oração e trabalho são recursos poderosos,
Na Criação Moral do Homem,
Amar a Pátria, guardai Fé em Deus,
Na Verdade e no Bem;
Não barganheis o vosso porvir,
A troco de um mesquinho prato de lentilhas,
Não arrastes o nosso País ao escândalo de se dar,
Em espetáculo à terra toda com a mais fértil das Nações,
Não percamos assim, o equilíbrio da dignidade,
Por anos de uma pendência comercial,
Não culpemos o estrangeiro das nossas decepções políticas no exterior,
Averiguemos se os culpados não se achariam aqui mesmo,
Entre o que vos depara,
Guardai-nos das potências absorventes,
Pois o nosso Brasil é a mais cobiçável das presas,
E oferecida como está, ingênua,
Inerme, a todas as ambições,
Trabalhai por essa que há de ser a salvação,
Mas, não buscando salvadores (da pátria)!?
Ainda vos podereis salvar a vós mesmos,
Oxalá! Não se me fechem os olhos.
Assim o queira Deus.
Este texto nasceu a partir da leitura do livro:
Oração Aos Moços - do Divino Mestre
Poeta das Letras - Ruy Barbosa
Guanambi, 15 de novembro de 2006
Oh, hora que passa, e prima,
Este momento com bênçãos de luz!
Reporto-me aos meus 50 anos para professar o meu credo,
E como milagre Divino estar aqui em espírito,
Chover palavras dulcíssimas sobre a criatura humana,
Como o firmamento chove, sorrateiro, nos campos áridos,
E tristes nas orvalhadas das noites,
Que se esvai como tudo;
Como os sonhos ao cair dos primeiros raios,
D'oiro do disco solar,
Permita-me, meus filhos, experimentar,
Uma vez que seja, este suavíssimo nome,
Até onde chegam as vibrações do sentimento
Até onde se perdem os surtos da poesia,
Até onde se perdem os vôos da crença;
Até onde Deus, indiviso, com os panoramas,
Íntimos do coração,
Mas, presente ao céu e a terra,
A todos presentes,
Enquanto nos palpite,
Incorrupto, no seio,
O músculo da vida e da nobreza,
E da bondade humana.
Entre vós ainda brilha em toda sua rutileza,
O clarão da lâmpada sagrada que arde,
A que se aquece a essência d'alma,
E que Deus assim o prescreve, incontaminado,
Para o coração, não há passado, nem futuro,
Nem ausência, tudo é atualidade,
Tudo é presença animada e vivente, palpitante,
Neste regaço interior, onde os mortos renascem,
Prenascem os vindouros, e os distanciados,
Se ajuntarem, ao influxo de um talismã,
Nesse mágico microcosmo de maravilhas,
Encerrado na breve arca de um peito humano,
Estendamos as mãos, entre os dois pontos que a labutam,
Pois àquele já se estabelece a corrente, rápida,
Com o pensamento, corre a emanação magnética,
Desta extremidade à oposta,
Já num aperto se confundiram as mãos,
Que se procuravam, e num amplexo de todos,
Nos abraçamos uns aos outros,
Observamos, conversamos, de presença a presença,
Entrelaçados a colação de vosso grau,
Com a comemoração jubilar da minha,
E dando-me a honra de vos ser eu paraninfo,
Urdis, no ingresso a carreira que adotastes,
Um como vínculo sagrado,
Entre vossa excelência intelectual,
Que se enceta,
E a do vosso padrinho em Letras,
Que se acerca do seu termo.
Preservai, vossas almas jovens,
Desses baixos e abomináveis sofismas,
Se quiserdes honrar vossa vocação,
Estais dispostos a cavar nos veios de vossa natureza,
Até encontrardes o que vos hoje reservado,
Não troqueis a noite pelo dia,
Tomais exemplo das estrelas da manhã,
E lograreis para vós mesmos,
Madrugarem no ler e também no pensar:
O saber não está na ciência alheia;
Mas nas idéias que geram dos conhecimentos absorvidos,
Tomai o que vos indicaram vossos sentimentos,
Oração e trabalho são recursos poderosos,
Na Criação Moral do Homem,
Amar a Pátria, guardai Fé em Deus,
Na Verdade e no Bem;
Não barganheis o vosso porvir,
A troco de um mesquinho prato de lentilhas,
Não arrastes o nosso País ao escândalo de se dar,
Em espetáculo à terra toda com a mais fértil das Nações,
Não percamos assim, o equilíbrio da dignidade,
Por anos de uma pendência comercial,
Não culpemos o estrangeiro das nossas decepções políticas no exterior,
Averiguemos se os culpados não se achariam aqui mesmo,
Entre o que vos depara,
Guardai-nos das potências absorventes,
Pois o nosso Brasil é a mais cobiçável das presas,
E oferecida como está, ingênua,
Inerme, a todas as ambições,
Trabalhai por essa que há de ser a salvação,
Mas, não buscando salvadores (da pátria)!?
Ainda vos podereis salvar a vós mesmos,
Oxalá! Não se me fechem os olhos.
Assim o queira Deus.
Este texto nasceu a partir da leitura do livro:
Oração Aos Moços - do Divino Mestre
Poeta das Letras - Ruy Barbosa
Guanambi, 15 de novembro de 2006