TINTA-PURPURINA
Ao anoitecer, sem que pudesse vê-lo, sempre espalhava tinta-purpurina prateada em meu jardim.
Ao outro dia, rastro de sua presença, cresciam sementes de frutas frescas com o sabor do açaí.
Sempre fora meu intento retê-lo, por um só instante que fosse,
para conhecer aquelas mãos que sorrisos doces me proporcionavam.
Mas ele, sempre caminhando na mesma direção que os ventos do sul,
desaparecia com o primeiro sol da manhã.
Longa e eterna espera, ficava eu, contando as horas em que Antares apareceria no meu céu.
Aquele brilho vermelho era o indício de que chegaria a hora que ele novamente estaria perto de mim.
Presença invisível, mas eram mãos que acariciavam meu rosto com o aroma da cor lilás.