CHOVEM AS LÁGRIMAS FRIAS QUE MOLHARAM MEU ROSTO BANHADO EM AGONIA.

Antes que tudo fosse noite, fiquei só na luz do meio-dia.

Tarde, faz tempo que estou esperando pela minha vez, que já se foi no tempo de ontem.

Acordo desse sono de ausência. Não percebo minha presença nessa terra dos outros.

Venta e chove muito aqui dentro. Molhado, tremo de frio e agonia por estar vivo.

Antes que tudo fosse breu, e nada mais me fosse possível distinguir, corri, molhando-me ainda, pensando em permanecer seco, nesse aguaceiro.

Cedo, agora já não doía. A dor de antes, é companheira, agora, da minha agonia.

Durmo em plena luz do meio-dia. A minha presença é o incômodo de todos, esses, e outros, que já não distinguia.

Noite, serena um pouco, clareia a minha sina. Percebo, tocado de temor de si, que estou vivo, e pereço do mal de ser crível a minha apatia.