[Eu e as Velhas Ruas de São Paulo...]
São Paulo, inverno... e eu me parto, me destroço!
Piso onde olho: eu sou superior ao meu antípoda que, em seus hieróglifos, escreve o mesmo que eu... verve, e densidade! Oras... Dane-se o antípoda, e dane-se também o grego que diagnosticou os males da alma! Já fui ensinado que o novo em mim é mesmo o jeito de caminhar! Danem-se todos os críticos, todos os que gostam de comparar... queimem no inferno... oitavo círculo, de preferência!
Diabos... merda, desgraça de morte resseca que vai me devorando assim, devagar... longe de tudo que gosto!
Sou mesmo superior: o antípoda jamais pode chorar por São Paulo como eu choro... quando me vejo caminhando na névoa da madrugada da Aurora, da Praça Clovis, da Avenida São João, da Ipiranga, da Barão de Campinas, da Duque de Caxias, da Rio Branco, da Rego Freitas, do Largo São Francisco... Ah, nem de só das ladeiras de Minas fui parido, as velhas ruas de São Paulo também me criaram: eu sou sua cria desamparada, perdida no tempo...
São Paulo, São Paulo: eu não admito outro choro que não o meu! Não pode haver outro que te chore como eu!
[Penas do Desterro, 01 de julho de 2011]