PÁSSARO DOS ABRAÇOS

Deixa-me com a farta inspiração, com os famigerados cochichos de fugidios fantasmas tão familiares. Deixo-te com a certeza de que sabes os valores do coração antigo. E, por mais que o tempo tenha lavrado a terra dura de que sou feito, há um riozinho a correr entre pedras e urzes. E um peixinho vivo a olhar o mundo à sua volta. Não esqueças de me enlaçar a cintura com teu jeito maroto, desejoso. A manhã nasce, nua, despudorada, entre o frio e a chuva, nessa invernia de almas...

– Do livro SORTILÉGIOS, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3060544