Um arrepio

Abro os olhos, assombrado

Uma brisa que passou não volta mais

Sobre a minha mão, irreprímivel

Deixo partir um fólego irrecuperável.

À margem dos homens a vida passa

E um vendaval arrasta sábios e inocentes

O que restará dos sonhos das mulheres

Dos santos e dos bêbados irreverentes?

Que a voz do amanhã não venha a lume

E a noite que é fiel sendo inconstante

Com seu manto esqueça um filho errante

Não irei fazer a poesia que se espera

Na quimera de rimar com o vaga-lume.