MERITA - UMA BELA LUZ NOS MEUS OLHOS
Foi naquela manhã solar ardente,
Olhei o profundo cobertor azul do céu,
Mirrei em direção a vegetação verde,
Daquela mata no apogeu do morro.
Meditei e desci a ladeira de barro vermelho,
Da larga rua da minha casinha,
Com paredes de taipa e coberta de telhas,
Calçada com batentes extravagantes.
Vesti o calção listrado com elástico,
Coloquei no pulso o relógio de plástico,
Com o fundo branco e ponteiros inertes,
E uma camisa azul “volta ao mundo”.
Insatisfeito com o rasgo na lateral,
Usei a única e brilhante camisa tergal,
A monareta vermelha era o melhor veículo,
Com várias luzes imitava as lanternas dos carros.
Com pedaladas fortes e aproximadas,
Virei à direita pela Rua Professora Ana Correia,
Onde o vento tramava suas agonias,
Balançando o pó vermelho da ruazinha.
O retrato na distancia freava os olhos,
A máquina pensativa alterava,
Com insinuações negativas,
Outrora assobiando no positivismo.
Dias e dias eram os lenços acobertados,
Na fração ou milésimos de segundos,
Repassando na via ocular naquelas janelas,
Entreabertos, nada ou somente o ar.
Transmitia o doce desejo de observar,
A face branca como as areias das praias,
Pupilas negras na cor do céu escuro,
Com pernas torneadas duma beleza.
Não havia outra trajetória amável,
Nem mesmo o tempo se importava,
Com as flores margaridas avermelhadas,
Lançando o charme entre os talos da cerca.
As esperanças não se encurtavam,
Nem as horas, estas, tombavam no relógio,
Que demonstrava as mesmas horas,
Do meu silêncio numa gagueira.
O caminho pisado nas marcas dos pneus,
Pescoço virado à meia volta,
Na estampa do número doze da cada,
Afortunava-me de alegrias inigualáveis.
O dia corria entre as palhas do babaçu,
Rebatendo nas folhagens das mangueiras,
Nenhum sinal luminoso daqueles olhos,
Não refletiram no cerne da minha alma.
Triste, eu não fiquei, aborrecido também não,
Voltei... Nadando no rio de tristezas,
Abraçando os versos naquela agonia,
Do poema de amor todo desvalido.
Retornei cansado da labuta imprestável,
Que outrora me machucou,
Cismo em tocar a flor do céu,
Tão bela na janela da paz.
Amanhã outro dia virá,
Se a escuridão não me arredar,
Vou observar do quintal do Zé Macaco,
Subir no pé de Jatobá e cantar.
Os trilhos que me levam no ar,
Embelezando a opala do ser,
Fisgando numa só piscadela,
Lá... Está ela... Toda bela.
Hoje, eu tenho que falar,
Nem que a rua fique molhada,
Pela falta de minha alegria,
Eu não sei como recitar.
É melhor descer deste jatobá,
Já cansei de abrir a porta,
Adentrar na sala e olhar,
A princesa do alto mar.
Nada me convence,
Ela é minha, a única beleza,
Nem o Zequinha ganhará,
Nesta disputa eu estou lá.
Não posso abandonar o lar,
Carregando uma pérola só minha,
Que talvez nem sorriu ou abriu a flor,
Nunca me disse como amar.
Eu não falo como o Zequinha,
Que adormece na cozinha por lá,
Dizendo asneiras em volta do pilão,
Pilando arroz para agradar a mãe.
É uma lástima esse carambolo,
Branco da cor do papel almaço,
Não sai lá de dentro nem pra almoçar,
Eu vou esperar ela me olhar.
Amanhã cedo, cedinho.
Eu vou pra casa do amigo Sérgio,
Talvez pintar uns quadros,
E quem sabe eu possa lhe ofertar.
Será apenas um presente do pintor,
Por baixo eu lhe entrego o bilhete,
Já amassado de vários dias,
Não tem outro jeito para conversar.
Eu não sei qual a razão de tudo isso,
Se ela nasceu para mim,
Eu tenho aqui em casa um jardim,
É miúdo com flores de margaridas.
Nessa guerra eu não posso perder,
A lindeza da minha vida,
Amada de todos os meus versos,
Sei que sou pobre e muito nobre.
O Zequinha não tem como voar,
Muito menos saber conquistar,
A vistosa querida é só minha,
É uma rainha toda bonitinha.
Amor! Não vá noutras constelações,
Eu sou o teu rei e eu te amarei,
Mostrando as areias das estrelas,
A marca do meu amor lá encima.
Esse carambolo nada te oferece,
Abusa até o tempo nas esquinas,
Também não sai da tua porta,
Entorta a rua com olheiras.
Não o repare falando de mim,
Não, não tinjas o ar sem esmero,
Prefiro escrever para o coração,
Assim, não verás o meu gaguejar.
Por isso eu lhe escrevo com a paz,
De um bom menino todo sagaz,
Inteirinho no ar como o papagaio,
Capaz somente de ti amar.
Saiba que eu adoro demais,
Quando o teu irmão Raimundin aparece,
Chama-me logo de cunhado,
Só não o quero que ele namore com minha irmã.
Merita! Eu te quero como a lua quer o brilho,
Na ternura desse majestoso momento,
E fico a imaginar sem controlar,
Eu sou o vento que passa pela janelinha.
Querendo contigo namorar.
Vou fazer uma construção,
Mais linda que Caxias,
Tão bela quanto os teus olhos,
Mais rosa quanto a tua face famosa.
Merita bela! Vem pra mim,
Eu sou mesmo assim,
Louco por ti em todas as horas,
Posso mudar o tempo quando eu te beijar.
Receba estes versos nesse papagaio,
Que vou colocar no ar e deixar cair no teu quintal,
É a única condição de falar do meu amor,
O motivo eu já citei nos versos,
Que contigo vou namorar.
02.08.1973
Foi naquela manhã solar ardente,
Olhei o profundo cobertor azul do céu,
Mirrei em direção a vegetação verde,
Daquela mata no apogeu do morro.
Meditei e desci a ladeira de barro vermelho,
Da larga rua da minha casinha,
Com paredes de taipa e coberta de telhas,
Calçada com batentes extravagantes.
Vesti o calção listrado com elástico,
Coloquei no pulso o relógio de plástico,
Com o fundo branco e ponteiros inertes,
E uma camisa azul “volta ao mundo”.
Insatisfeito com o rasgo na lateral,
Usei a única e brilhante camisa tergal,
A monareta vermelha era o melhor veículo,
Com várias luzes imitava as lanternas dos carros.
Com pedaladas fortes e aproximadas,
Virei à direita pela Rua Professora Ana Correia,
Onde o vento tramava suas agonias,
Balançando o pó vermelho da ruazinha.
O retrato na distancia freava os olhos,
A máquina pensativa alterava,
Com insinuações negativas,
Outrora assobiando no positivismo.
Dias e dias eram os lenços acobertados,
Na fração ou milésimos de segundos,
Repassando na via ocular naquelas janelas,
Entreabertos, nada ou somente o ar.
Transmitia o doce desejo de observar,
A face branca como as areias das praias,
Pupilas negras na cor do céu escuro,
Com pernas torneadas duma beleza.
Não havia outra trajetória amável,
Nem mesmo o tempo se importava,
Com as flores margaridas avermelhadas,
Lançando o charme entre os talos da cerca.
As esperanças não se encurtavam,
Nem as horas, estas, tombavam no relógio,
Que demonstrava as mesmas horas,
Do meu silêncio numa gagueira.
O caminho pisado nas marcas dos pneus,
Pescoço virado à meia volta,
Na estampa do número doze da cada,
Afortunava-me de alegrias inigualáveis.
O dia corria entre as palhas do babaçu,
Rebatendo nas folhagens das mangueiras,
Nenhum sinal luminoso daqueles olhos,
Não refletiram no cerne da minha alma.
Triste, eu não fiquei, aborrecido também não,
Voltei... Nadando no rio de tristezas,
Abraçando os versos naquela agonia,
Do poema de amor todo desvalido.
Retornei cansado da labuta imprestável,
Que outrora me machucou,
Cismo em tocar a flor do céu,
Tão bela na janela da paz.
Amanhã outro dia virá,
Se a escuridão não me arredar,
Vou observar do quintal do Zé Macaco,
Subir no pé de Jatobá e cantar.
Os trilhos que me levam no ar,
Embelezando a opala do ser,
Fisgando numa só piscadela,
Lá... Está ela... Toda bela.
Hoje, eu tenho que falar,
Nem que a rua fique molhada,
Pela falta de minha alegria,
Eu não sei como recitar.
É melhor descer deste jatobá,
Já cansei de abrir a porta,
Adentrar na sala e olhar,
A princesa do alto mar.
Nada me convence,
Ela é minha, a única beleza,
Nem o Zequinha ganhará,
Nesta disputa eu estou lá.
Não posso abandonar o lar,
Carregando uma pérola só minha,
Que talvez nem sorriu ou abriu a flor,
Nunca me disse como amar.
Eu não falo como o Zequinha,
Que adormece na cozinha por lá,
Dizendo asneiras em volta do pilão,
Pilando arroz para agradar a mãe.
É uma lástima esse carambolo,
Branco da cor do papel almaço,
Não sai lá de dentro nem pra almoçar,
Eu vou esperar ela me olhar.
Amanhã cedo, cedinho.
Eu vou pra casa do amigo Sérgio,
Talvez pintar uns quadros,
E quem sabe eu possa lhe ofertar.
Será apenas um presente do pintor,
Por baixo eu lhe entrego o bilhete,
Já amassado de vários dias,
Não tem outro jeito para conversar.
Eu não sei qual a razão de tudo isso,
Se ela nasceu para mim,
Eu tenho aqui em casa um jardim,
É miúdo com flores de margaridas.
Nessa guerra eu não posso perder,
A lindeza da minha vida,
Amada de todos os meus versos,
Sei que sou pobre e muito nobre.
O Zequinha não tem como voar,
Muito menos saber conquistar,
A vistosa querida é só minha,
É uma rainha toda bonitinha.
Amor! Não vá noutras constelações,
Eu sou o teu rei e eu te amarei,
Mostrando as areias das estrelas,
A marca do meu amor lá encima.
Esse carambolo nada te oferece,
Abusa até o tempo nas esquinas,
Também não sai da tua porta,
Entorta a rua com olheiras.
Não o repare falando de mim,
Não, não tinjas o ar sem esmero,
Prefiro escrever para o coração,
Assim, não verás o meu gaguejar.
Por isso eu lhe escrevo com a paz,
De um bom menino todo sagaz,
Inteirinho no ar como o papagaio,
Capaz somente de ti amar.
Saiba que eu adoro demais,
Quando o teu irmão Raimundin aparece,
Chama-me logo de cunhado,
Só não o quero que ele namore com minha irmã.
Merita! Eu te quero como a lua quer o brilho,
Na ternura desse majestoso momento,
E fico a imaginar sem controlar,
Eu sou o vento que passa pela janelinha.
Querendo contigo namorar.
Vou fazer uma construção,
Mais linda que Caxias,
Tão bela quanto os teus olhos,
Mais rosa quanto a tua face famosa.
Merita bela! Vem pra mim,
Eu sou mesmo assim,
Louco por ti em todas as horas,
Posso mudar o tempo quando eu te beijar.
Receba estes versos nesse papagaio,
Que vou colocar no ar e deixar cair no teu quintal,
É a única condição de falar do meu amor,
O motivo eu já citei nos versos,
Que contigo vou namorar.
02.08.1973