Lembrando o Poema em azul
Olho atentamente o céu de um azul perfeito, como se fosse cópia de um quadro de Claude Monet e não o inverso. Olho atentamente, porque se estamos entregues ao ócio, nada melhor que olhar o céu; ponho-me a pensar e usar expressão ginasiana, recordando-me de quando olhava o céu da minha infância, e pude surpreender pulando de uma nuvem para outra um cavaleiro montado num branco corcel de cauda esvoaçante, como se me fosse um aceno. Um século antes, Monet olharia o céu e teria podido registrar nas retinas todas as nuances em azul do céu. Mais de um século depois, Yuri Gagarin diria da terra, vendo-a do céu – “a terra é azul”. Mas, ninguém pintou a terra de azul! Olho atentamente o céu e fico deslumbrado com a beleza do azul, mesmo se não for tão azul, matizado por nuvens muito brancas e ralas; mesmo se matizadas por nuvens não tão leves e arejadas, como as que prenunciam chuvas, de escala um, se quiséssemos plagiar a escala Richter dos terremotos, que Deus nos livre! Fico pensando que ao advertimos alguém de comportamento anti-social com a possibilidade de ver o sol nascer quadrado,em realidade não causamos o mínimo susto; o que conseguiríamos se disséssemos – você poderá ver o azul por um quadrado; lembro-me do preconceito que tinha em relação a alguns recantos da minha terra, quando julgava ser o céu dos trópicos verde. Azul só o céu de minha cidade! Por isso hoje olho atentamente o céu, lembro-me de você e leio em voz alta o meu Poema em Azul.