JOÃO NINGUÉM
Morreu um transeunte, ao atravessar á avenida
Não foi atropelado, foi de bala perdida.
Isso na cidade grande é banal, alguns dizem:que é coisa normal!
É a luta do bem contra o mal.
Não sabemos de que arma a bala saiu, se foi da arma do bandido
Ou se foi, da arma do policial.
Gerou aquele tumulto, foi uma correria danada
E nessa confusão, nesse burundum, morreu mais um.
Pulou da plataforma, foi atropelado pelo trem
Estava com um medo danado, fugia de um bandido
Não queria ser refém.
Não se sabe qual o seu nome, ninguém sabe quem ele é
Não sabemos se ele tem;Mãe filho ou mulher
Eu só sei que é menos um, na lista do I.B.G.E.
Não tinha carteira de identidade, no bolso nem um vintém
Cartão de crédito, não possuia também.
Ninguém chorou,ninguém rezou,ninguém pelo seu nome chamou.
O corpo ali estirado, entre os trilhos do trem
Em meio a tanta gente, morreu um indigente
Morreu mais um João ningém.