Viver Inverso
Veio um tal de Manuel e fincou a Bandeira:
-Eu faço versos como quem morre!
Já eu, meu Deus, vivo de modo inverso,
Vivo como quem vive em verso,
Vivo quando escrevo e vivo o que sou,
se faço verso de bebedeira,
sou verso de bebedor,
Vivo, meu Deus, mas não sei quem eu sou,
se meu verso é um sonho,
sou verso de sonhador...
Falo aos quatro ventos das dores as quais sou,
se eu amo pelos versos
então sou versos de amor
Perdoe-me Manuel, se lhe digo uma bobagem
pois diga a Deus no céu,
que sou poeta mendigo,
sem eira e muito menos beira,
À vista deste mastro em riste
é que tenho minha sina:
Eu faço versos como quem vive
aos pés de sua Bandeira.