(A Thiago Perez)

Quando dói a vida,
tem remédio não,
não tem mágica,
nem poção.
Não sei do que dói a vida
Acho que a vida dói de emoção,
para tudo que há, tem uma canção
e tem também para o que não dói não.

Se não fosse doída não era sentida
a vida sem doer nunca foi vivida.

Mas tem o outro lado da dor
que não é dor no fim da dor,
tem o gozo de estar perto dos seus,
sua mulher, seus filhos, seus netos,
e perto daquele seu perdido irmão,
de seus amigos, seus preferidos,
seus queridos, e seus esquecidos,
sua amada, sua namorada,
seu amor que também lhe fez seu,
perto dos caros olhares de atenção,
dos sorrisos que ainda lhe dão.
E se um dia não tiver mais nada,
basta um gato brincalhão,
ou um cachorro, uma horta,
um passatempo, uma mania,
um divertimento todo dia.
Se a vida dói em cada hora morta,
tem a poesia e essa tola teimosia,
tem alguém que lhe dá a mão,
um prato e um pedaço de pão,
o braço e o abraço, o afago,
aquele que lhe ouve e lhe sabe,
aquele que sabe a sua emoção.

Quando tanto doer na vida já não cabe,
cabe ainda dizer “te amo” e ter razão.
Quando de doer já não há o que acabe,
a gente sabe que acabou a ilusão...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 25/06/2011
Reeditado em 19/05/2021
Código do texto: T3055526
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