Se tivesse que fazer sentido
Se tudo tivesse que fazer sentido agora, mais que a morte, não faria.
Não haveria não, nenhum vestígio de sentir, de deixar, de pensar, de tomar além do que eu quero, do que eu sentiria por você ainda que não agora, que não pudesse, que não dissesse e não fizesse por querer.
É, é assim, quando eu me vou e fico ao mesmo tempo, quando eu sou e morro, existo e inexisto num tempo-espaço vazio e infinito. Nada, nada a mais que tudo, que o que me move vem de onde durmo, e você me faz correr para longe, para longe de você mesmo, que só me machuca e destrói o que eu insisto em te oferecer, de bom grado.
Que tolice de bondade é a minha, em que a saudade caduca do seu lado e volta a rondar em meu outro lado, meu universo paralelo que um dia encontra, a outra ponta da reta, fim da linha, o sem sentido que diz tudo que eu já não posso. Se, e somente se, você me encontrar em outra rua, outra esquina, outra vida ou outra fila.
Só, e somente só, eu vou deixando, vou largando uns pedaços, para você não me encontrar. Eu despisto, deixo a lista de motivos que não quero para você voltar. Não, não volta não, que você já deixou todo o seu mal e me deixou, aqui, em um lugar qualquer, lindo e longe da solidão. Estar em casa, numa casa vazia, não é bem o que eu queria mas ainda assim... Não deixo, você nunca mais volta para perto de mim.
Que bom, bom saber que passou para me ver, mas o bolo está no forno, esta porta está trancada, o seu caminho eu já fechei. Agora só um ou outro sabe, a nova rota, esse esconderijo em que me abrigo, que tem o calor dos dias tensos e das noites tristes banhadas a chocolate trufado.
Sem sentido... no sentido do nada, eu te desmonto, e jogo seus pedaços fora. Lá fora, é lá que eu vou buscar. Amor em qualquer lugar.