ANTROPOFAGIA

Por se falar sobre o vinho, a cepa vinífera tem um buquê peculiar. Viaja nas narinas: luxúria e fogo, perfume de mulher. E se alteia o sangue, estandarte rubro do desejo. Maduro, estalando os lábios, sorvendo a flor da invernia. Manhã de névoa e tristezas, quando o corpo cospe a sua inquietude. O poema é a mais nova cópula de ausências. Abate-me... Num abraço que nasce assim: pássaro que abre e fecha suas asas. E continua a ensaiar a queda livre dentro de mim.

– Do livro SORTILÉGIOS, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/3050322