[Tarde em Fuga]
[Para você - é claro!]
... E foi assim: um dia, eu vi o azul dos meus céus sucumbir à noite... E então, eu vi a tarde fugir... fugir no tropel dos cascos dos cavalos que faziam a poeira da estrada misturar-se ao poente vermelho de agosto — eu vi! E mesmo se eu ficasse cego, ainda assim, essa visão explodiria dentro de mim!
E não, não havia mesmo nem um restinho de azul que resgatasse aquela tarde... A asa noturna que a tarde deixa no ar, solta, a perder-se na escuridão! E do azul, essa etérea e esfumada matéria de construção da agonia, fez-se o frio, apenas o frio da escuridão...
[Penas do Desterro, 22 de junho de 2011]