DEIXAR DE SER
Hoje tive um sonho.
No sonho eu não era EU.
Um novo eu, talvez.
Leveza e sonolência
Foi estranho e bom.
Mansamente bom...
Deixar de ser por algumas horas, mesmo sendo.
No sonho sonhado,
Eu era e não era ao mesmo tempo.
Alternância curiosa, instigante.
Acordei!
Estava diferente: leve, contemplativa.
“Deixar de ser”
Experiência transcendental, nas malhas do meu quintal.
Deixar de ser, para não ser igual.
Ser outra, ser nenhuma ou ser ninguém e, simplesmente continuar existindo leve como pluma ao vento:
guarda-chuva de pelinhos
levitando do chão
como dente-de-leão.
Satisfação e leveza embalando o ser e sua natureza.
Vejo o chão. Raízes? Não!
Tento desaparecer no ser
Esforço-me
Por quê?
Desconfio que seja para diminuir a fome de sentir.
* Poema publicado no livro "Curvas & Poesia".