DEIXAR DE SER

Hoje tive um sonho.

No sonho eu não era EU.

Um novo eu, talvez.

Leveza e sonolência

Foi estranho e bom.

Mansamente bom...

Deixar de ser por algumas horas, mesmo sendo.

No sonho sonhado,

Eu era e não era ao mesmo tempo.

Alternância curiosa, instigante.

Acordei!

Estava diferente: leve, contemplativa.

“Deixar de ser”

Experiência transcendental, nas malhas do meu quintal.

Deixar de ser, para não ser igual.

Ser outra, ser nenhuma ou ser ninguém e, simplesmente continuar existindo leve como pluma ao vento:

guarda-chuva de pelinhos

levitando do chão

como dente-de-leão.

Satisfação e leveza embalando o ser e sua natureza.

Vejo o chão. Raízes? Não!

Tento desaparecer no ser

Esforço-me

Por quê?

Desconfio que seja para diminuir a fome de sentir.

* Poema publicado no livro "Curvas & Poesia".

Suerdes Viana
Enviado por Suerdes Viana em 20/06/2011
Reeditado em 13/10/2011
Código do texto: T3046148
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