CLEÓPATRA VINGATIVA

CLEÓPATRA VINGATIVA.

I- Oh! A tua boca mordida. Oh! Os beijados membros. Oh! O cacho louco de esperança e esforço em que nos enlaçamos e nos desesperamos nas praias e nos portos.

II- Oh! Mulher magra de ínfima emoção, tu caíste sobre os teus próprios desatinos, e agora, flutuas vazia no próprio vácuo que se fez em ti.

III- A tua máscara espelhou-se num Totem cruel e medonho, a estátua tem em sua beleza externa o oposto por dentro, pois é escura, oca e fria.

IV- A tua boca destilou o veneno mortal como uma perigosa serpente, atocaiada em teu coração. Fingida Cleópatra não te submeteste ao rito da morte súbita e, no entanto, fulminaste o amor enlouquecido deste Marco-Antônio, vociferando a sentença final, um verdadeiro vômito da tua consciência podre.

V- Serás condenada e enviada aos porões escuros das galés, e assim, nômade e perdida navegarás solitária no mediterrâneo profundo e escuro da tua vida. Em prantos e acorrentada aos remos da tua consciência, singrarás por mares nunca dantes navegados. Teu sextante não apontará jamais a estrela Vésper.

VI- Serás isolada por toda a tua vida. Visitar-te-ão apenas as mariposas estonteadas e noturnas que, te levarão muito rápido para o abismo negro da tua vida. Oh! Escrava da hipocrisia, para ti será inútil o meu pranto triste.

VII- Roma não te reconhecerá e os centuriões do templo guarnecer-te-ão, serás odiada por todos os Césares. A morte do guerreiro e tribuno invencível jamais será esquecida, e a vingança ecoará entre as colunas e no átrio do palácio. O tribuno é redivivo no coração amante deste ressurrecto, apesar das feridas abertas e sangrentas pedindo por vingança.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 29/11/2006
Código do texto: T304465