Homem alado
Homem-menino, anjo-demônio. Ingenuidade madura, angelitude demoníaca. Contrapontos contraditórios e opostos, ao mesmo tempo, indispensavelmente necessários, a coexistirem na feitura desse homem alado. Atormentado e confuso em si mesmo, aclaram-se-lhe ideias, pensamentos. E de suas mãos surge algo poético, estético, impulsivamente excêntrico e doce, como seu olhar cândido de menino ingênuo e homem sedutor.
Esse homem-menino, com suas asas recém-descobertas, anseia voos maiores. Seu desejo de voar é maior que o receio da queda. Não teme e segue adiante, convicto. Eis que então, supremo, descobre o verdadeiro prazer. Voa em busca, procurando, solitário, quem poderá compreender o que nem ele mesmo compreende. Quem poderá compartilhar identidade e afinidades?
E o homem alado percebe que a menina-mulher, a quem ele tanto deseja, precisa também, como ele, ter asas para voar.