AUSENTE

Evocam-se muitas vezes as numerosas imagens pelas quais se desenham as linhas do poema, aquela atmosfera de arte que conduz talvez os dedos ao labirinto de todos os sentidos ocultos. E pode ser que apenas fosse um dia para descrever o vento que varre qualquer praça e a noite tivesse a sua história para narrar a denúncia da solidão. Devemos pensar que esse lugar – onde agora os olhos se fixam e os ombros sobressaem na neblina – seria sempre o mesmo lugar sem ninguém, nem uma palavra ou um poema, nem mesmo outros olhos e outros ombros ao fundo da névoa. Desse lugar, encrostado à película do silêncio, apenas imagino o que podia ter sido, o que possivelmente é sob a beleza mais verdadeira de toda a ausência.