Pés descalços
Pés descalços e sonhos voando.
Um lugar é muito vago e eu já não tenho sentenças.
Algo se perdeu entre minhas falas e seus pensamentos,
Já não posso resgatar.
Existe uma linha lá embaixo, onde se esconde o coelho
E sobre essa linha escorregam meus pés
Sem saber se caem de um lado ou de outro.
Olhos fechados e realidade rondando.
Mananciais fluem com a naturalidade do respirar.
Há um enigma que não precisa ser resolvido.
Dá mais graça, dá mais vida.
Mas minha insatisfação não cessa
Nem mesmo quando me sinto completa.
Sapatos novos e ruas desertas.
Uma multidão me cerca com expectativas
Sobre minha vida incerta.
Fim do caminho, precipício abaixo.
Ponho o corpo inclinado e pressinto o empurrão que não acontece.
Volto o corpo, fecho os olhos, o mar cresce.
O vento diz pra mim exatamente o que eu preciso ouvir.
Abro os braços e esqueço de mim.