A poesia perdeu o gosto
Um poema não me desceu bem
E ainda trago uns versos entalados na garganta.
Regurgitá-los-ei a contento,
Tudo no seu tempo, no meu temperamento.
A poesia encheu-se de desgosto
No gosto ruim do poema que vem,
Ainda os versos encalacrados na garganta
Matá-los-ei no seu devido tempo,
Depois de matar este sentimento.
A poesia perdeu a graça
E nem dá conta de tudo o que tem,
Não me acalenta e nem me redime
O verso do poema que me atormenta
Com essa palavra que nada fala.
A poesia, como tudo, passa
E depois dela nada mais vem
É o verso engasgado que me oprime,
De um poema que nem mais me alimenta,
Feito de palavra morta que tudo cala.
A poesia perdeu o seu posto
O poema perdeu o seu porto
(E uns versos encalhados no cais...)
Chega de cantar esse desgosto
E de viver como se já estivesse morto,
Para deixar morrer o que não vive mais.
A solidão, o deserto, o vazio,
A escuridão, o silêncio, a tristeza,
A ilusão poética de um desvario
A devorar o sumo dessa beleza,
A certeza de um sentimento baldio
Que se deixa morrer com delicadeza.
Que seja esse perdido verso arredio
E toda palavra crua só incerteza.
O poema há de ser duro e sombrio
E completamente tomado de estranheza,
Porque mal nasce e eu já o silencio,
Na destreza do que calo com delicadeza
E a poesia, ainda, com esmero, é só isso
E só esse desespero por ora me basta
Haverá, um dia, mais que um pouco disso
Por ora tiro dessa poesia só do que se gasta
Um poema não me desceu bem
E ainda trago uns versos entalados na garganta.
Regurgitá-los-ei a contento,
Tudo no seu tempo, no meu temperamento.
A poesia encheu-se de desgosto
No gosto ruim do poema que vem,
Ainda os versos encalacrados na garganta
Matá-los-ei no seu devido tempo,
Depois de matar este sentimento.
A poesia perdeu a graça
E nem dá conta de tudo o que tem,
Não me acalenta e nem me redime
O verso do poema que me atormenta
Com essa palavra que nada fala.
A poesia, como tudo, passa
E depois dela nada mais vem
É o verso engasgado que me oprime,
De um poema que nem mais me alimenta,
Feito de palavra morta que tudo cala.
A poesia perdeu o seu posto
O poema perdeu o seu porto
(E uns versos encalhados no cais...)
Chega de cantar esse desgosto
E de viver como se já estivesse morto,
Para deixar morrer o que não vive mais.
A solidão, o deserto, o vazio,
A escuridão, o silêncio, a tristeza,
A ilusão poética de um desvario
A devorar o sumo dessa beleza,
A certeza de um sentimento baldio
Que se deixa morrer com delicadeza.
Que seja esse perdido verso arredio
E toda palavra crua só incerteza.
O poema há de ser duro e sombrio
E completamente tomado de estranheza,
Porque mal nasce e eu já o silencio,
Na destreza do que calo com delicadeza
E a poesia, ainda, com esmero, é só isso
E só esse desespero por ora me basta
Haverá, um dia, mais que um pouco disso
Por ora tiro dessa poesia só do que se gasta