O AMOR

O amor é um impulso

é uma causa desmotivada e incompreensível

é o lançamento de um míssil em céu despoluído

é a bala perdida que acha o coração de um imbecil.

O amor teima em ser sábio

diz que é virtude

enuvia a verdade

se nutre da vaidade

vai aos glaciares

finge-se jovial,

desmascara o desejo

consome o desespero

corre pelos labirintos

se oculta nas dobras da criatividade

deturpa a liberdade.

O amor aborrece aos decididos

causda insônia aos intelectuais

pra driblar os experts

faz graves estardalhaços

se disfarça de bondade

queima, inflama

desequilibra na partida

faz a vinda ser a ida

infla e ameaça a ternura

muda o texto do final

é egoísta, egocêntrico

sorrateiro, visceral.

É tirano, corrosivo

incompleto

mediano

é lascivo, pornográfico

fétido e leviano.

O amor é intruso

corajoso, temeroso

intrépido, impiedoso

faz o espírito onipotente

pode explicitar na mente

conjurar o inocente

acolher o indecente

repelir o transigente,

o amor ensandece

pode até enobrecer

poluir e corromper

curar e deixar doer

acolher e espantar

doer sem deixar curar

o amor é que endoidece

faz crescer, tomar poder

falar e esclarecer

emudecer e expressar.

O mesmo amor que translada

por águas turvas e revoltas

pode muito remeter

aos porões da caridade

Ser covarde, sujo e inerte

causar furor e ansiedade.

Joel de Sá
Enviado por Joel de Sá em 15/06/2011
Código do texto: T3037265
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