GEMIDO HUMANO

GEMIDO HUMANO.

Como um gemido humano foi o que eu senti

Em linhas perfeitas de palavras postais

De verdes pétalas redondinhas e esferográficas

Ah quanto eu sei da solidão e da falta de pessoas íntimas

Do inefável carisma da simpatia com que elas nos envolvem

Parecendo até que elas nos entendem

Ah quanto eu sei das tuas amarguras e saudades

Que às vezes nos querem devorar

Num mundo egoísta e sem sentido

Ah como sei que sofres, eu também sofro

É um silêncio mórbido de exílio

Humilhado pelo sentimento humano

Aqueles que nos rodeiam ignoram os nossos sofrimentos

Tão premidos pela solidão,

Tão cheios de saudades doentias

Esse quieto sofrer

Deixado nesse caminho de escarpas e espinhos

É um gólgota que um dia se transformará em veredas

De alvos lírios e brancas açucenas

Cuida, pois, dos que te rodeiam, das amigas

Dos amigos, do namorado

São eles verdadeiros muros de lamentações

O conforto nas horas amargas

Ombros que substituem os ombros ausentes

Sorrisos nas alegrias que substituem os sorrisos

Ausentes e distantes

Eu não tenho amigos, amigas, e nem sequer namorada

Paixão ou equivalente

A minha própria companhia já é demais

No entanto caminho nessa trilha inevitável

Talvez buscando um fato novo que

Remova de vez a carapaça da solidão e do vil desengano

Acumulado fortuito no decurso de um trajeto sinuoso

Picotado, incompreendido e trágico

O destino não existe, nem nunca existiu

Tão pouco nós desbravamos acertadamente o caminho

Ma impelidos por circunstâncias duvidosas

Infiltramos-nos por varadouros falsos

Com a intenção de exatos direcionarmos

O rumo viável e dantes muito sonhado

Apesar do silêncio havido entre nós

Cheio de preguiça e falta de tempo

Eu quero te dizer que ainda te sonho.

E longe de ti só para ti componho.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 28/11/2006
Código do texto: T303711