EDUARDO O AVIADOR
EDUARDO O AVIADOR.
Hoje, eu quero te contar um segredo
A tua mãe também o conhece, pois é cúmplice
Quando tu estavas navegando em águas amnióticas
Exercitando a teorética poesia do existir
E enquanto tomávamos todos os cuidados
De pais principiantes, bobos e inexperientes
Eu nas tardes modorrentas de Sábado
Candidato a pai sem saber o que era isso
Sonhava sozinho fazer-te um aviador
E o meu sonho era tão grande do tamanho de uma nave
Desenhava na tua primeira camisinha de cambraia
Um avião “a jato”
Era o meu sonho fazer-te um dia voar
Dizem que, quem tem um sonho é mais afortunado
Do que aquele que possui todos os fatos
Por isso eu mantinha o meu sonho comigo mesmo
Para espanto nosso voamos de um outro jeito
Fizemos acrobacias na vida e acabamos
De nos precipitar em nossos próprios vácuos
Mesmo assim eu ainda alimento esse sonho
Acho que é uma loucura, pois
Dela todos têm certa dose
Não foste um aviador de aviões ou outras naves
Ah! O que importa isso agora, tu já és um veterano
Pai de dois filhos, portanto, netos meus
Para ratificar a minha sabida senescência
Se não voaste de avião podes bem criar aves
E aí o meu sonho pode se realizar.
Mesmo assim tu serias um aviador
Isto é, um criador de aves.
Eráclito Alírio