EDUARDO O AVIADOR

EDUARDO O AVIADOR.

Hoje, eu quero te contar um segredo

A tua mãe também o conhece, pois é cúmplice

Quando tu estavas navegando em águas amnióticas

Exercitando a teorética poesia do existir

E enquanto tomávamos todos os cuidados

De pais principiantes, bobos e inexperientes

Eu nas tardes modorrentas de Sábado

Candidato a pai sem saber o que era isso

Sonhava sozinho fazer-te um aviador

E o meu sonho era tão grande do tamanho de uma nave

Desenhava na tua primeira camisinha de cambraia

Um avião “a jato”

Era o meu sonho fazer-te um dia voar

Dizem que, quem tem um sonho é mais afortunado

Do que aquele que possui todos os fatos

Por isso eu mantinha o meu sonho comigo mesmo

Para espanto nosso voamos de um outro jeito

Fizemos acrobacias na vida e acabamos

De nos precipitar em nossos próprios vácuos

Mesmo assim eu ainda alimento esse sonho

Acho que é uma loucura, pois

Dela todos têm certa dose

Não foste um aviador de aviões ou outras naves

Ah! O que importa isso agora, tu já és um veterano

Pai de dois filhos, portanto, netos meus

Para ratificar a minha sabida senescência

Se não voaste de avião podes bem criar aves

E aí o meu sonho pode se realizar.

Mesmo assim tu serias um aviador

Isto é, um criador de aves.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 28/11/2006
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