DE POETA PARA POETISA
DE POETA PARA POETISA.
Márcia - Helena,
Existe no poeta uma maneira peculiar de viver
O viver sozinho não é necessariamente uma solidão
É o “Status Quo” muito especial de sua alma
Quando ele não canta nos seus versos rimados
A saudade, a dor, a alegria e a empolgação
Brinca maneiroso com o vento
As nuvens, a brisa, e a chuva na vidraça
Ele a tudo vê com a alma, o que
Os demais não vêem com os bisbilhoteiros olhos
O poeta sofre e zombeteia da tristeza
Quando feliz escreve versos ensimesmados
Ele se comporta às avessas do dito ser normal
Como se estivesse fora do seu habitat sonhado
Deve haver um “céu” só para os poetas
Cuja língua oficial deve ser a poesia
Eu penso que sou poeta, mas sei que me iludo
No entanto, eu sei que sou um oceano profundo
À procura de uma ilha que se forme em mim
Para que eu possa beijar as suas lindas praias
Mergulhar silente nas suas íntimas entranhas
E dar sentido novo a este colosso líquido
Este oceano inquieto e maroto
Sem algas, sem sal e nem sequer plânctons
Que deveriam correr dentro de mim ao livre
Sabor das marés emocionais de súbitas vazantes
Repuxadas pelos ventos estonteantes da paixão
Às vezes sem direção e sem objetivo determinante
Contudo há neste oceano naufragado
Muito amor, carinho e ternura
Assim vivo com os meus poemas
Uma forma virtual de ser amado
Pela minha própria poesia.
Hoje no 48º andar do é difícil da minha existência
Ainda procuro uma poesia de carne crua
Para fazer dela a ilha que tanto procuro
E envolvê-la com o meu mediterrâneo
Já quase morto pela teimosia de ser um oceano solitário
Sem uma pequena ilha e sem as suas íntimas praias
E as conchas que estariam escondidas
Em sua íntima e última soberania.
Eráclito Alírio