BALADA PARA A MENINA MÉDICA

BALADA PARA A MENINA MÉDICA.

Dra. Rita.

Agora minha menina, discípula do grego Hipócrates

A tua santa missão vai finalmente começar

Que viceje no teu secreto consultório

A ubérrima semente obstinada e conquistada

De pronto vestirás o impecável jaleco branco

Tu não serás um anjo não, apenas uma simples doutora

O teu lindo pescoço hás de ornamentar

Com o estetoscópio, esse preto colar inevitável

Essa negra bomba relógio, a fim de auscultar

O frêmito do pulmão e o vivificante pulsar

Do incessante, às vezes, dolorido coração

No bolso ao alto e à esquerda, atrás do teu

Orgulhoso e mais do que merecido crachá

Portarás a invisível coluna de mercúrio

Para aferires calores e climatérios vários

Ah menina! Sorria sempre nas consultas breves

Isso não é simpatia não, mas antes de tudo

Menina médica é quase a metade da cura

O sorriso é remédio que sempre se indica e dura

Não tem tarja e não têm riscos, somente lábios

Eu sei, hás de prescrevê-los em abundância

Ah ia me esquecendo, de te pedir afinal

Se, um dia, eu for internado com alguma dor

De preferência exijo ir para o teu hospital

E se tiveres, de súbito, que me fazer uma incisão

Faça-a imediatamente sem a devida anestesia

Com o bisturi santo das tuas afiadas unhas

E depois de extirpado o suposto mal

Sutura-me com o cordão lindo do teu olhar

Terminados esses santíssimos e asseados cuidados

Removam-me silente para o quarto da UTI

Destaquem-me uma linda e loira enfermeira

De macias mãos e seios não muito opimos

Restabelecerei de imediato a minha consciência

Ressuscitarei nos braços dela e, de repente

Far-se-á uma respiração quente no boca a boca

E aí ficarei numa quarentena interminável

Sem alta, sem visitas, apenas a da enfermeira

Pra que me mate de amor duma vez.

Ah faltou te dizer ou informar:

Lidarás com vários tipos de pacientes

Doentes de verdade, chatos com achaques e hipocondríacos

Aos primeiros curarás gota a gota, devagar

Para que eles possam sempre voltar

Trazendo-te de ordinário o vil numerário

Os com achaques encaminharás ao psiquiatra

Aos hipocondríacos sem perdão eutanásia neles.

Meus Parabéns!

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 28/11/2006
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