ALMA - MENINA

A L M A - M E N I N A.

Para Alessandra:

Acabaste de chegar e eu não fui te esperar

Na plataforma deste planeta itinerante

Não sabia a hora do teu ônibus etéreo

Mesmo assim, atenta para o que vou te relatar

Que devo fazer como dura missão, todavia

Quero que sejas vinda e bem vinda

Alma-Menina que não tinhas sexo

Agora, já posso te chamar de meninazinha

Menina dos meus olhos de poeta

Uma graciosa classificação dos humanos

Que dizem ser do sexo frágil, mas frágil

É a humana estreiteza de compreensão

Não vou polemizar a questão da fragilidade

Prefiro isto sim, te chamar de Alma-Menina

Como se eu quisesse falar com a minh’alma

Para uma menina de menina alminha

Ah, minha Alma-Menina, recém chegadinha

Cá estou já faz um bom e ruim tempo

Tenho tantas coisas prá te contar

Falar de amor, de emoção e até de prazeres

Também de flores, de encantos e de saudades

Do infinito êxtase da louca doçura de viver

Minha Alma-Menina, recém chegadinha

Fresquinha de viver, rechonchuda pretinha

Cresce, cresce prá eu te poder contar tudinho

Onde estão os grandes segredos da vida

Um dia, também cheguei como tu

Nesta planície verde e cheia de lágrimas

Mas também cheia de amor e muitas sombras

Cresce, cresce minha Alma-Menina

Prá eu não dizer que viver não valeu

A pena, mas valeu viver, sim, viverei

Nem que seja só pra te ver crescer

Minha Alma-Menina que te quero

Fiz-me poeta, a vida me fez assim

Prá cantar o amor e a própria vida

Quando cresceres, minha Alma-Menina

Ama, ama, amar é preciso e é bom

Quando tu eras só alma, eras só amor

Agora, que te fizeram Alma-Menina

Terás de aprender e a reciclar o amor terreno

Amar é bom é um bem que só bem faz

Ah, minha Alma-Menina, nessa teorética

De amar, não me saí lá muito bem

É que o meu jeito de amar esse amor

As outras pessoinhas não têm

É que eu amo com a minha alma

Esqueci! Eu não sou do além

Sou uma alma dentro dum velho-menino

Que já foi Alma-Menino também

Um beijo da minha alma na tua ALMINHA.

15.10.1989

Do Vô poeta.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 28/11/2006
Código do texto: T303681