OUTRA HISTÓRIA A SER CONTADA
Saciado deixa a mesa farta
Aquele que do sangue alheio enriquece a gerações
De famintos e maltrapilhos de seguidas épocas
E a roda das diferenças não para seu curso
É o quadro reproduzido de séculos em séculos.
Até quando?
E a máquina a vapor tirou da terra o agricultor
E à cidade chegado, em operário transformado
Foi às fábricas vender sua força outrora à terra impingida
E o alimento antes por ele próprio conquistado
Por parcas moedas pagas pelo suor derramado
Já não comprava o pão, o feijão, a farinha que a terra lhe oferecia.
Até quando?
Será o vil metal a medida do esforço empenhado
Quando às escuras doutos senhores maquinam o golpe
E a plebe já sem forças para o trabalho exausto imposto
Sucumbirá às ruas em farrapos humanos transformada?
Trabalhadores do mundo, uni-vos!
É a chamada a todos dirigida
E chegado o dia do vozerio em praça pública
E apavorados com tamanha concentração
Os sanguessugas outrora risonhos e bonachões
Não resistirão o medo a olhos vistos
Se esconderão no castelo, guardião das benesses à súcia destinada.
E terminado o dia
O sol seguinte a todos iluminará
E a boa nova será a notícia do dia.