(Memoriais de Sofia/Zocha)
Ele esticou o fio do olhar até onde alcançava os verdes mares das campinas. Em pé ante o buraco da janela de tábuas ,o céu descortinava-se também verde. As pradarias se estendiam até onde os olhos se perdiam e escureciam. Havia uma imensa mancha de floresta densa de pinheirais a afundar-lhe o negrume dos tons de seu olhar.. O rebanho ao longe era uma imensa mancha movente, seus olhos manchavam-se daquela
terra. Siá Chica lhe ponteava as baforadas do palheiro alternando a trazer-lhe canecas esmaltadas de café recem coado do bule de barro. Ele apanhou o imenso chapéu e ranzinzou até o potreiro. Calvalgaria até a noite. A criançada dormia. Sofria de estranha inquietação. Talvez pegasse a estrada da mata e fosse seguir seu risco até onde desse a linha. Subindo e descendo a trilha do lajeado lá ia o cavaleiro Feliciano. Uma parada na Pedra Santa para jogar um pouco de água no rosto, o cansaço da longa estrada lhe fervia as veias quando de repente o céu se risca e os trovões acusam a emboscada do tempo. Teria que esconder-se em algum lugar. Troteando devagar debandeou sem mais teimar, resignado e eis que vem lhe de encontro aquele vulto estranho, tão reconhecível com suas longas barbas:_ É ele!!! pensou, e nada mais viu. Ao acordar olhou em derredor as paredes de pedra que o rodeavam no lusco fusco. Um odor de fumaça e ele há pouco distancia o mirava com seus olhos fundos. Na pouca distancia e estranha contemplação de olhares Feliciano sentia sobre si a luz dos olhos do Monge.
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