A Paixão em reprise

Debrucei-me sobre um cercado que limitava meus passos incertos e duvidosos. Olhei para fora e vi ao longe um horizonte que só cabia na minha imaginação. Esta, tão fértil quanto amadurecida pelo tempo, sugere desfazer rotas planejadas. E, incontinente, paciente e silencioso, o tempo segue, pois conhece bem sua soberania. Cada passo, novas perspectivas que demandam rumos tão inovadores quanto ousados.
E, de esperança em esperança, surgem promessas de passar a limpo meros rascunhos
que serviam até então como balizadores de uma vida ancorada num cais abandonado,
onde não se vêem mais as movimentações dos bons tempos já esquecidas ou apagadas.
Mergulhado em sentimentos que não mais norteiam ideais próprios de seres apaixonados, embora haja quem pregue que paixões são nefastas e destrutivas, isso não me convence, pois é de se supor que a paixão ainda é uma mola mestra e razão de viver intensamente, e ver o coração pulsar exatamente como sentido nos moldes de qualquer adolescente. Um abraço apertado, fixar nos olhos, palavras ditas ao pé do ouvido e um beijo ardente, são nuances coloridas, jamais esquecidas, indeléveis, é a vida sem medida, insolente, que cabe perfeitamente dentro de qualquer ser humano, sem qualquer discriminação, bastando, para tanto, que ainda esteja presente desejo e emoção, sem os quais não há lugar para esse sentimento tão buscado, rotulado acima de nefasto e destrutivo, a conhecida paixão.
Té...