Transformando desamor em literatura (3)

Começo a escrever pelo fim, pela conclusão. Talvez por ser o começo do fim de algo que nem começou, ou então muito provavelmente o resultado do que você aprontou na minha vida: me deixou de cabeça pra baixo mesmo. A conclusão a que cheguei é a seguinte: tudo acontece da forma que deve mesmo acontecer.

Pensei isso porque quando acontece algo que a gente gosta, a gente pensa que poderia ter vivido mais aquilo ou que poderia ter acontecido antes. Só que esse nosso desejo não é capaz de mudar o passado, ou seja, mudar a forma que as coisas “aconteceram”. Entretanto, depende sim do nosso desejo aquilo vai acontecer no futuro.

Eu te conheci num momento em que eu não estava bem – fase ruim da vida. E aí surge você e me faz ver que existe gente legal nesse mundo, que existe sim gente interessante... Você me fez “pensar novos pensamentos” e “sentir sentimentos” muitos bons. Vi tantas coisas em comum, que eu desejo numa pessoa; e tantas outras incomuns, raridade mesmo de se encontrar...

Então, queria muito que tivesse te conhecido antes... Mas já entendi... não é assim que funciona a vida...

Da mesma forma que você me preencheu algumas lacunas, deixou também muitas incógnitas...

Não dá nem pra te achar, já procurei. Seu nome não aparece nem no Google... Será mesmo que você existe? Será que aconteceu tudo aquilo que não sai da minha cabeça ou foi um sonho? Acho que as duas coisas: sim, de fato aconteceu, você existe, mas também foi sim um sonho. E querendo ou não a gente acorda...

Sabe-se lá se algum dia nessa vida vou poder te reencontrar. Tive a leve impressão que foi só eu que lastimei a distância entre a minha cidade e a sua. Diferente de mim, que a distância é o maior inconveniente, para você muito provavelmente a distância seja o maior conveniente. Sei que você tem aí sua vida, sua carreira, seus contatos e possivelmente um relacionamento.

Me desculpe o excesso de sinceridade. Não consigo ser diferente e você viu isso. Na verdade, estou só compartilhando reflexões, por ter entendido que você tem razão: é preciso manter a cabeça no comando e não permitir que o coração tome as rédeas. Porque é assim que funciona a vida, e tudo acontece exatamente da forma que deveria acontecer, como já disse.

Se eu tivesse te conhecido semanas antes, teria doído mais aquela sexta-feira que você foi embora e eu não consegui nem ouvir a sua voz ao desejar boa viagem.

Mas prefiro pensar só nas coisas boas. Prefiro valorizar mais as oportunidades que estivemos juntos, do que os dias de ausência. Se existe saudade é porque valeu muito, é ela que torna o fato inesquecível.

Hélio Fuchigami
Enviado por Hélio Fuchigami em 10/06/2011
Código do texto: T3026887
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