Cegueira

Dois homens haviam;

Iguais ao que pareciam;

E tão diferentes na visão.

Alto era o primeiro;

Tão bravo quanto sorrateiro;

Tão verdadeiro quanto a Ilusão.

O segundo vinha de tudo marcado;

Antes era inteiramente armado;

E de tão perturbada imaginação.

Lutaram ambos na guerra.

Um laçou a olhar na escuridão.

O outro obteve a prova sincera.

Ambos frutos da mesma nação.

Num dia de Sol e céu aberto;

Avistou o primeiro todo esperto;

Uma bela donzela em seu jardim.

Se aproximou devagar;

Pegou uma flor no andar;

E foi falando assim:

‘Poderá tal rosa aceitar?

Dama cujo olhar;

Me faz te encontrar em mim.’

A moça toda inocente;

Encontrando homem tão decente;

Acabou entregando-se no fim.

Mas como se nem pestanejar;

A uma outra donzela foi avistar;

O homem que se fazia de honesto;

Arruinando a moça em seu manifesto.

E num dia de tormenta;

Sentiu por detrás da vestimenta;

O segundo a uma moça e sua emoção.

O rapaz aos olhos tapava;

Ignorando resultados duma guerra que o perturbava;

Sentindo o mundo sem usar a mão.

E conforme se aproximou do pranto;

A senhorita gritou em espanto;

Ao ver as marcas do homem em questão.

Se aproximou sem poder ver;

Ela julgou sem conhecer;

O espanto estava em ascensão.

Ele a perguntou dos fatos;

Ela que temia os passos;

Contou e admirou a determinação.

Mas ele estava muito próximo;

Inocente e ainda assustador;

O homem em seu esplendor;

Fez a dama correr em seu máximo.

Ao menos tentou correr;

Mas foi a lhe prender;

O estranho homem sem delicadeza.

Tirou a venda e seus braços amarrou.

Preocupado se rude o ato soou.

Sentou-a num banco de estranha beleza.

Esperou que ela se acalmasse;

E então aos seus olhos admirasse;

Tão azuis por natureza.

Disse então para o esperar;

Ela não podia de fato optar.

Ao menos estava ilesa.

Partiu e horas depois voltou.

Sem cicatrizes assim se encontrou;

Num negro cavalo montado;

E muitas coisas tinha arrecadado.

‘ Que ande o homem para longe ’

Disse tirando um amuleto de bronze;

‘ Pois ele não pode lhe tirar

Seu tão belo modo de andar! ’

‘ Use este que não reluz;

Mas continua sendo valioso;

Provando que tens luz;

Sem precisar de ouro. ’

‘ Que deixe o homem olhar ‘

Disse amarrando fitas vermelhas ao cavalo.

‘ Pois ele não pode alcançar;

Tu que és de Perfeito Bem-Estar. ‘

‘ E neste poderás livre ser.

Observar todo lindo amanhecer;

Mas não espere, com certeza;

Que, algum dia, um alcance tua beleza. ‘

‘ E deixe que flores do jardim ele tome. ‘

Disse desatando sua mão.

‘ Pois de bela basta sua voz;

Não precisa de flor como consolação. ‘

‘ Aceite então; ‘

Disse tirando uma Rosa Branca.

‘ Dessa linda emoção;

Esta peça franca;

De meu coração. ‘