Na sombra da lua
Debaixo das minhas peles um rio gemeu
e os punhos da paixão me apertaram os desejos,
de tal forma doendo ao ápice,
até explodir minha volúpia contida!
E sobre os ventos gelados,
que sombras negras de pedras formaram,
vi borbulhar a esperança
e do sopro da ventania verteram flores
que boiaram na luz embargada de alvorada,
tudo simplesmente porque a voz amada me chamou
e me encantou o mais doce desejo de amargura
de cada beijo lembrado, finalizando desencontros
donde vivíamos partindo,
eu a ti e tu a mim,
avidez tranqüilizada por quem pressentia este dia,
em que nenhum mais, só se confinaria a procuras!
Vulnero-me a ti entreaberta,
nudez de lua sedutora sem o gélido marfim,
eis que em minhas carnes róseas aquecidas
trago suas formas macias nos seios,
suas planuras no ventre fértil,
seus cumes nas nádegas proeminentes,
sua insinuante sedução no sorriso de promessas
e meu corpo é todo um povoar de regozijos,
contigo andarilhando sobre ele!
Amor, amor!
Tanto te vi sorrir dentro da lua,
que as suas asas agora abrem meus braços,
cujo vão teu aconchego preenche como nunca ninguém o fez,
trago a sua fímbria prateada nos cabelos,
que secarão tuas lágrimas eventuais
e também todos os seus vultos sugestivos
trago no meu colo de ímã,
que puxou o amor de dentro dos sonhos
para realizar-se na tua essência acariciante!
Até as marés lunares,
todas rugem neste momento
e s’encrespam nos meus gemidos trêmulos,
dizendo ‘te amo’ que tanto ensaiei para dizer
e agora nossos olhos abotoam cândidas estrelas reluzentes,
ungindo-nos a jamais nos permitir qualquer distância,
amor da minha vida!
Santos-SP-25/11/2006