quando a angústia aperta o peito o coração sufoca ...não respira ...
os espaços encurtam ..
o silêncio se expande empurrando as paredes até colarem na pele ...
é o nada crescendo ... ... ...
fazendo do vazio uma viola interior que dedilha cada fio de dor ...

quando a angústia prolonga o instante...
o tempo perde a sensatez
o espaço perde a nitidez
e a hora fica vadia ... fica dada a qualquer falta de alegria ...
a densidade atrapalha o oxigenar ...
a tensão não deixa a neblina dissipar...

quando a angústia ruge...
ninguém segura esta fera ..ninguém doma sua voz ...sua juba ...sua fúria feroz ...
ninguém penetra em sua jaula sem sentir medo do que paira por lá , ninguém sabe com qual alimento a faz parar de querer se alimentar do que há de melhor em nós ...

quando a angústia me atrapalha cada passo do pensar
é melhor tropeçar na poesia que escrevo urgentemente
por onde deixo cair versos pelo chão ,
amontoados , misturados a todos os Nãos
que emito para que ela , angústia , canse de dominar meu peito
e me deixe respirar direito ...sem restrições ... sem colisões ...

quando a angústia me toma assim , eu gostaria de poder sair de mim ,
e só regressar quando tivesse certeza que meu peito já me pertence novamente ...
que tudo não passou de má semente que germinou em mim de repente ...
e que arrancá-la faz parte do processo de jardinagem que a vida nos impõe intermitentemente  ...


                                                       (( MELLMELLO))
MELL MELLO
Enviado por MELL MELLO em 04/06/2011
Reeditado em 05/06/2011
Código do texto: T3014522
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