foto/da autora
(Memoriais de Sofia/Zocha)
Enquanto floresciam as araucárias e derramavam-se as pinhas sobre os canteiros do pequeno jardim de cravos , margaridas e mosquitinhos da casa da rua Goiás doía o azul escuro daquela cozinha imensa, com sua mesa de taboas, silenciosa, o fogão de lenha sempre aguardando com as grimpas estourando e crepitando aos olhos. O verde claro do pequenino quarto era claridade com suas duas camas e a mesinha de cabeceira ao centro. Tinha uma janela que abria exatamente na linha para uma das portas , como a uma garganta, que dava pela cozinha adentro da parteira alema dona Margarida, vizinha pela cerca de ripas , entretanto, aquele pequenino quarto parecia iluminado com suas cobertas de pena de ganso, suas capas de coberta de cretone sempre cheirosas e os sonhos misturando-se confusamente pelas paredes verdes que choravam e doiam. Mas à mesa da cozinha uma portátil Olivetti fazia ruídos agora. Ele trouxera para as suas meninas, elas gostavam de escrever como o avô descendente de portugueses, seu pai, que elas não conheceram. Ele escrevia versos, e morrera muito cedo quando tinha apenas trinta e cinco anos, deixando a mulher Luizinha Galvão com sete filhos pequeninos. As folhas secas sopram a brisa da silenciosa tumba dele na cidade de Irati, sob o compasso e a insígnia da fraternidade maçonica. O poeta Manoel Felix ali repousa com seus versos. Dega era o seu filho mais velho, parecia predestinado a encarnar o sonho do pai descendente de desbravadores dos sertões desse país não fosse a morte prematura daquele. Havia uma junção de destinos que houvera chegado com as tropas pela estradas que vinham para o Sul, Caminho do Viamão, que passavam por Curitiba, Lapa, Itapeva da Faxina,de Itapetininga, Sorocaba, Caminho das Missões, onde alcançavam até o planalto de Guarapuava aos campos de Palmas, no Paraná, Zocha debulha dos olhos alguns grãos salgados, vai até a janela...parece ouvir o ruído do carroção!...
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(Memoriais de Sofia/Zocha)
Enquanto floresciam as araucárias e derramavam-se as pinhas sobre os canteiros do pequeno jardim de cravos , margaridas e mosquitinhos da casa da rua Goiás doía o azul escuro daquela cozinha imensa, com sua mesa de taboas, silenciosa, o fogão de lenha sempre aguardando com as grimpas estourando e crepitando aos olhos. O verde claro do pequenino quarto era claridade com suas duas camas e a mesinha de cabeceira ao centro. Tinha uma janela que abria exatamente na linha para uma das portas , como a uma garganta, que dava pela cozinha adentro da parteira alema dona Margarida, vizinha pela cerca de ripas , entretanto, aquele pequenino quarto parecia iluminado com suas cobertas de pena de ganso, suas capas de coberta de cretone sempre cheirosas e os sonhos misturando-se confusamente pelas paredes verdes que choravam e doiam. Mas à mesa da cozinha uma portátil Olivetti fazia ruídos agora. Ele trouxera para as suas meninas, elas gostavam de escrever como o avô descendente de portugueses, seu pai, que elas não conheceram. Ele escrevia versos, e morrera muito cedo quando tinha apenas trinta e cinco anos, deixando a mulher Luizinha Galvão com sete filhos pequeninos. As folhas secas sopram a brisa da silenciosa tumba dele na cidade de Irati, sob o compasso e a insígnia da fraternidade maçonica. O poeta Manoel Felix ali repousa com seus versos. Dega era o seu filho mais velho, parecia predestinado a encarnar o sonho do pai descendente de desbravadores dos sertões desse país não fosse a morte prematura daquele. Havia uma junção de destinos que houvera chegado com as tropas pela estradas que vinham para o Sul, Caminho do Viamão, que passavam por Curitiba, Lapa, Itapeva da Faxina,de Itapetininga, Sorocaba, Caminho das Missões, onde alcançavam até o planalto de Guarapuava aos campos de Palmas, no Paraná, Zocha debulha dos olhos alguns grãos salgados, vai até a janela...parece ouvir o ruído do carroção!...
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