Descanse em paz
Apaguei
Sim, apaguei da memória os
Levantes de outrora que agora
Incomodam toda vileza
Toda maldade de sua confissão
Seus lábios roxos de vinho já não
São mais os mesmos
Sua face rosada já há muito
Perdeu o rubor
Os cabelos que ainda lhes restam
Agora repousam como flocos de
Algodão sobre um capacete
Enferrujado pelo tempo
Seu Deus aguarda ansiosamente a
Sua chegada
Seu epitáfio jaz num leito de bronze
Cuidadosamente esculpido por
Laborosas mãos
E nada, nada mais lhe resta se não
Meditar
Arraigar cada célula de seu corpo
No árido chão do deserto
De sua alma
Fechar os olhos e sonhar
Com o dourado graal da vida.