Do que tenho medo.



Tenho medo de que me falte a sensibilidade, e de ficar tão cega das tristezas que eu não possa ver e sentir a dor que me é alheia.
Tenho medo de pensar que sou algo, além do que eu sou e me torne tão perfeita que nada eu necessite, nem sorrisos de crianças, nem de ombros amigos que me consolem, e que assim embrutecida eu me torne tão inteira, que perca meu sonhos, eu tenho medo de ser tão forte ao ponto em que eu suporte a traição e faça dela uma coisa corriqueira em minha vida e venha a trair os meus amigos, os que sobrarem, já que eu não precisarei de idéias, nem de palavras que falem ao meu coração, tampouco ajuda pra seguir adiante.
Eu tenho medo de sentir-me tão perto de Deus ao ponto de julgar o próximo e que nesse julgamento, ao condenar a todos eu passe então a ter a visão distorcida de santidade e confunda com tirania como tantos fazem.
Eu tenho medo de ter um caminho amargurado com lembranças torpes, achando que o bom é o que eu posso comprar , e comer, e vestir ,e exibir, como troféu.
Eu tenho medo que a minha bondade se resuma em oferecer o que me sobra e eu não tenha mais alegria de dividir o que eu tenha por precioso.
Eu tenho medo que eu me perca e confunda misericórdia com “pena” e subestime a capacidade das pessoas em crescer e refazer-se em uma nova tentativa.

Eu tenho medo de ter uma imagem distorcida diante das pessoas, quando falo de amor, de perdão e de humildade, eu tenho medo que pareçam apenas palavras esse medo de ser apenas uma pessoa só e sem caráter.

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 02/06/2011
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