Casa da Alma

Abro a porta do tempo

Casa escura e vazia

Chamo a ama decrépita

Que resmunga o seu silêncio,

E como sempre e todo dia

Saca-me as armas e o casaco

Arranca-me as botas pesadas

Sem se lembrar do chapéu

Que ao cair no chão imundo

Traz-me enfim, a realidade:

A solidão corta-se de faca.

Aqui clamo ao eco do pranto: fala!

Na rua não sou querida,

Cá dentro não sou bem vinda

Nos cantos, olhos espreitam

As cortinas, mantenho-as fechadas

E na cama jaz um corpo (ou dois?)

Belo espécime adormecido

Tez calma, ausente e pálida

Chamo um nome antigo e vago

Não obtenho resposta

Sinto no ar o odor forte

Profundo cheiro do amor

e da morte

Franz Znarf
Enviado por Franz Znarf em 31/05/2011
Código do texto: T3005767
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