Vida Estúpida

A tarde estava luminosa.

Mãos no queixo, olhei as nuvens ( que eram pouquíssimas)...

O tempo e seus milagres não são mesmo incríveis?

Que coisa mais desconcertante, talvez estúpida,

mas há um minuto eu estava mal, e agora vejo tintas colorindo

(sem pincéis) a tela de uma tarde findando...

Sentei-me na calçada com os pés na sarjeta.

E de repente comecei a rir.

E ri tanto, mas tanto, que um senhor que passava,

ao me ver rindo tão gostosamente, sorriu também.

Ah, vida louca, completamente louca, mas de uma loucura lúcida,

cheia de nexo nos seus desencontros, nos seus acasos e imprevistos.

Falsa demência, ingênua e cheia de lógica, tão astuta nos seus

mistérios...nunca antes vistos, dona de uma confusão tão calculada.

E olhando o movimento contínuo daquela tarde pensei nos tantos

equívocos nunca explicados, em tantas partidas desnecessárias,

em tantos amores sem finais nos passos desses estudantes

que poetam adolescência pela minha rua, julgando-se tão maduros sem nunca terem provado um centímetro de dor...

Vida estúpida que joga com nossos dias, noites e tardes,

em primavera que arde de calor, em inverno que sua lágrimas de amor, em verão que treme...num sorvete sem sabor.

Levantei-me e entrei em casa, mas apenas quando correu a primeira lágrima...

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 31/05/2011
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T3005142
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