bem-te-vi
Cismei com teu jeito de quem não me quer
teu jeito de quem bem me tem
Tua graça de bem-te-vi...
E minha vontade de bem te ver
e minha sede de te beber
de te sorver como sorvete teu
e te ter, como somente meu,
E voar contigo.
Cismei com seu traço de falar de si
na terceira pessoa e falar de mim
com a primeira pessoa
que você vir
e contar vantagem de me haver pra ti,
a abrir espaço no teu peito
para nós.
E cavar cavernas na pedra de mim
com a pá da tua boca
com a enxada do teu corpo,
com o tijolo do teu sexo.
Cismei com teu canto
de quem já me conhece
de quem já não me esquece
de que não me merece,
de quem me absorveu em si.
De quem bem-já-me-viu
correndo atrás do teu corpo de pássaro
por todas as ventanias de outono.