O choro que nos redime
Há momentos que choramos quando a alegria é intensa.
Não é um choro infantil, de carência, de desconforto, mas um choro diferente, um choro de lavagem, de águas torrenciais, que levam e lavam tudo: pedras, cascalhos e até árvores .
Há uma limpeza tão grande, que nos sentimos libertos de todas as algemas que nos prendem e nos seguram no chão da dor e do sofrimento. Por instantes, essa água bendita nos liberta. A sensação de leveza é tão grande que desaguamos a chorar o choro bom. Como não há palavras que possam ao menos chegar perto deste sentimento sublime, resta-nos apenas chorar de alegria.
A música e a poesia, em certos momentos inesperados, nos transportam para essas paragens idílicas, onde imperam a beleza, a ternura, a paz e a compaixão. Sim, é isso, esse o sentimento que tentei linhas atrás transmitir para o meu leitor.
Este excelso sentir é a prova contundente de que o ser humano, apesar de tudo, contra todo o pessimismo, possui em seu âmago o germe que espera desabrochar em generosidade, esforço e amor verdadeiro. Por enquanto, somos almas bárbaras, ignorantes, mas que já aprenderam a chorar de alegria.