Vivendo e aprendendo

"Quanto mais se vive, mais se aprende, e é isso que somos na vida. Somos nada mais nada menos do que Eternos Aprendizes." (Bebum desconhecido no bar)

Olhei para aquele homem que estava a meu lado afogando as mágoas num copo de cachaça, despejando ao mundo toda a sua raiva e sua revolta com o mundo. Quando me viu, começou a conversar, falar da vida dele. Disse que certo momento da vida ele teve uma casa, teve mulher e filhos e que hoje, não tinha ninguem com ele. E lá se foi mais um gole; enquanto ele dizia que teve uma vida boa e que hoje morava na rua por mero descuido ou burrice.

Nota do autor: "- Costumo ir a bares sombrios. Os pés sujos mais vagabundos, apenas para beber e flertar com o ambiente. Por que faço isso? Simplesmente não sei, é coisa minha mesmo. Mas voltemos..."

A mulher o amava, seus filhos eram pequenos quando ele fugiu de casa apenas com uma mochila nas costas com suas roupas. O motivo: Estava cansado da vida familiar.

O que acontece é que ele ficou seis meses fora, e a mulher e os filhos foram com ela. Familia não tinha mais, nem casa. Então o jeito foi aprender a morar nas ruas, nos becos. Fazendo cigarros das guimbas de outros, bebendo cachaça e todas as sobras que tinha, além de comer aquilo que era jogado fora por algum sujeito. Esquecido por Deus e por sua familia, tentou arrumar um trabalho, porém não conseguiu; como iria dar algum comprovante de residencia?

Acostumou-se a viver ao léu.

Como um andarilho do mundo desconhecido, com esperança de ter a sua familia de novo, sua mulher e seus filhos, de ter a sua casa, e a sua cama quente ao invés de seu papelão para dormir.

Esperança essa que vi nos olhos lacrimejados do homem enquanto me dizia coisas sobre a sua vida, e a sua esperança de um dia, um dia sequer, ver os seus filhos e a sua mulher.

Foi quando ele me disse algo que levarei para o túmulo, e que não contarei aqui. É como um pacto: O que acontece no bar, fica no bar.

Mas ainda sim, desejo sorte aquele maltrapilho, e que um dia, nesses muitos que ainda hão de vir, ele encontre a sua familia e tenha tudo aquilo que sonha todas as vezes que põe a sua cabeça no chão deitado em cima de jornais.

Ao amigo do bar, o meu abraço.

Marcos Tinguah Vinicius
Enviado por Marcos Tinguah Vinicius em 29/05/2011
Código do texto: T3000083
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