POEMA ALADO

POEMA ALADO.

Das minhas entranhas nasce, de repente, este poema que é alado.

Por isso, ele viajará por novecentos quilômetros, para dizer a uma mulher linda que eu a amo.

Possa ele chegar cansado após essa viagem tresloucada, por certo, irá encontrar repouso aconchegante no coração dela.

Ela também o acolherá em suas entranhas, pois é ali o seu ninho predestinado.

Um poema é semelhante ao amor, nasce de repente de onde menos se espera.

É verdadeiro e bonito.

Ele também tem a cor azul, às vezes, transfigurado pelos impulsos da alma.

Também é apaixonado, pois o amor está a correr em suas artérias, os seus versos.

Ele sai das minhas mãos com destino certo.

É inconseqüente e irreverente, porque é só para ela que o componho dando-lhe vida, a vida poética.

Para ela eu guardo a essência dos meus poemas, pois a ela devo cada verso como se fosse o orvalho caindo sobre as pétalas.

Essas mesmas pétalas que amaciam o meu coração quebrado pelas saudades.

Se eu componho para ela é por uma vontade de amor, um sentimento blandicioso, entretanto, mesmo me esforçando não consigo fazê-lo belo, um verdadeiro dúplice dela.

Ela é a minha poesia do existir, cheia de vida e sorriso fácil.

Não sei mais quem está apaixonado por ela, se sou eu ou os meus poemas.

Às vezes, eu tenho ciúmes deles, por isso eu gostaria de ser este poema e voar urgentemente para os braços dela.

Se for para sonhar, eu vou sonhar.

Se for para compor, eu vou compor.

Se for para amá-la, eu vou amá-la.

E se for para dar certo, Deus cuidará dos enleios.

Ela é um poema que ainda não escrevi, vou pedir-lhe um sorriso e eu farei poesia pura.

Não era assim que eu queria fazê-lo nascer, mas quando escrevo ou componho não governo mais as minhas mãos, pois é a minha alma que se esparrama pelo papel.

Ah! Se houvesse divindade em minhas mãos, eu a transformaria numa linda rosa, para que, desabrochasse todos os dias para mim, ocasião em que, eu a colheria todas as manhãs: beijo a beijo, boca a boca.

Este poema é alado porque se fez pássaro para, voar silente ao colo dela, o seu verdadeiro aprisco.

Eráclito Alírio

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 24/11/2006
Código do texto: T299872