Ó DIVINA LÍVIA!

Ó DIVINA LÍVIA!

(Olhos de mel)

Lépida e graciosa, lúbrica e eterna.

É assim que os meus olhos te vêem.

Esses meus olhos cansados e tristes, perdem-se ensimesmados quando eles te vêem.

Falta-me tempo para celebrar também os teus cabelos.

Um por um devo contá-los e louvá-los, se me houver tempo para esse gesto desejado.

Outros amantes querem vivê-los com certos olhos. Admirá-los! Eles não sabem.

E eu só quero ser o penteador de teus cabelos, em meus versos quietos e distantes.

Sei que existes, não só porque os teus olhos voam numa frenética procura de algo que ainda não consigo determinar, mas também porque te vejo todos os dias.

Os teus olhos encerram os brilhos prateados de galáxias, eu apenas identifico o seu fulgor jovem, porém em constante inquietação.

O que será que eles escondem?

Entretanto, dão luz aos meus dias sempre tristes, neste ermo sem fim em que me confinei.

Ó divina Lívia, não extravies nunca os teus olhares pelo mundo sombrio de todos os caminhos da vida!

Na vida existem caminhos, veredas inconseqüentes que não têm retorno. Às vezes são caminhos cheios de ilusões, na verdade, são impropriedades da imatura juventude. Cuida-te, pois!

Por quê?

Por que os teus olhos foram feitos na luz branda do fogo, esse artífice da beleza que te premiou com a graça e a formosura que deténs.

E neles as vespas amorosas dormiram, e elas te deixaram as cores do mel silvestre, um vestígio indescritível. Somente dedicados às musas. Honras a ti, Ó Divina Lívia!

Portanto, ó minha querida, és invejável ninfeta, talvez Cleópatra tivesse invejas de ti se soubesse da tua beleza em séculos atrás.

Ó linda!

Tu és formosa como o vento, uma aragem gostosa que refresca as tuas faces e, ao mesmo tempo, te transforma em propositura para belos sonhos e apologias intermináveis.

Ó bela!

O teu sorriso é inebriante, pois embriaga homens, almas, anjos e demiurgos.

No teu sorriso está estabelecido um mundo de ternuras que, somente a mim é dado o dom de apreciá-las.

Ó lépida!

O teu andar é uma coreografia que encanta os deuses e entorpece os mortais.

Nele tu expões a tua soberania última, num trejeito gracioso e levemente sensual.

E assim, arrebatas o meu olhar insistente, mas candidamente enternecidos e admirados.

Ó graciosa!

O teu ser é fortaleza de simpatia e quando sorris chovem pétalas, um encanto vivido somente pelas sagradas vestais.

A vestal era uma jovem casta, eleita guardiã do fogo sagrado dedicado aos deuses.

Ó lúbrica!

O teu corpo é um terceto de duras agonias, quando queres insinuas desejos e anseios inimagináveis, saborosamente ocultos e sagradamente desejáveis.

A pulcritude do teu corpo é uma dádiva da natureza, por isso diz-se que, a natureza é sábia.

Bendita seja a natureza que te gerou assim.

Ó eterna!

Levarei a tua beleza comigo, e saciarei a minha sede de mortal no brando mel dos teus olhos infindáveis.

Ó divina Lívia! Vã seria a minha poesia sem poder contar com a tua beleza de todos os dias, um verdadeiro encanto burilado pelo cinzel do Onipotente Criador.

Os meus sonhos têm o tamanho da tua beleza e do teu sorriso.

Se existe graça na minha poesia, é porque, os teus olhos são os verdadeiros responsáveis por essa graça.

E o teu coração sente, porque nele existem uns enigmas silvestres e profundos, cheios de dúvidas e incompreensões.

Mas sei também que, nele dormem pétalas de jasmim do cabo ou madressilvas silvestres.

Que pelo seu aroma inefável, eu sou atraído indefeso, assim, rendo-me à tua rara beleza.

Saúdo-te, Ó divina Lívia!

Eráclito.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 24/11/2006
Código do texto: T299856