MAGNÓLIA BOREAL
MAGNÓLIA BOREAL.
I- Travestida de enfermeira, numa alvura toda tridimensionada, ou melhor, de brancura transparente e excitante, até a sua linda intimidade última e desejada.
II- Sangra-me com uma intravenosa, deixando o meu sangue fervente aspergir o teu jaleco branco e impecável. Sutura-me depois com os raios ultra verdes do teu olhar, afere a minha pressão arterial na coluna de mercúrio ereto, e os meus batimentos ficarão volúveis.
III- Interna-me, ó enfermeira, na tua ala, de preferência na UTI, em quarto isolado. Meu mal é contagiante e definitivamente incurável e, se assim for, submeto-me a tua terapia carinhosa e aos teus eróticos cuidados.
IV- A branca imponência passa de carne crua e branca, mal vestida de arcanjo, e os meus olhares deixam-na nua. Pretensiosa é a sua postura de carne branca como a lua, mal vestida de galáxia, antes fosse a própria lua.
V- Na cadência ritmada de seu andar arrebata corações, estremece a libido e, de repente, palpita desejos obscenos. Pisando em nuvens ela anda cautelosa, exibida, sensual e escondidamente muito gostosa.
VI- É uma enfermeira, parece doutora, mas, na verdade, não é mais do que simplesmente uma mulher, mais do que mulher, um monumento. Deus me livre se não fosse, seria um grande desperdício da criação.
VII- Desejo-a assim mesmo, modesta enfermeira, alva passante, branca de neve, talvez uma nuvem passageira ou uma fugaz garça esvoaçante.
VIII- Ó Cíntia, virgem magnólia, vestal de Arthur, deixa-me obstinado a despir-te, senão, ao fio da espada passarei a quem se atrever macular-te na desejada brancura?
Eráclito Alírio.