[Laços que o Tempo não Desata]
Foi há 33 anos...
Hoje, faz tanto tempo,
e faz tempo nenhum...
Pois é de todo impossível
afastar-me de quem
me deu matéria viva,
carne e sangue,
e também a guia primeira
para os meus passos.
Factualmente, foi há 33 anos...
Mas eu descreio; pois, não pode
jamais a mãe se separar do filho,
ou o filho se separar da mãe!
Levo-a no corpo e no espírito,
e nos meus olhos, os seus olhos
brilham agora, como sempre...
A [minha] morte sim, mas o tempo não;
o tempo não desata esses laços,
não desfaz o que sou, o que penso...
[Em tempos de provações, de suprema angústia,
eu peço... e sinto o conforto das suas mãos
em minha cabeça... e então, como antigamente,
nas escuras noites de medo, eu durmo em paz]
[Penas do Desterro, 24 de maio de 2011]