João e Maria
Dentre as coisas que não se explicam, aplica-se as coisas do coração. Era apenas João, igual a tantos “Joões”. De pé descalço jogava bola, subia em árvores, e nos dias de chuva corria no meio da enxurrada. Vivia a vida sem pensar nela. Vivia por prazer. Do outro lado, era Maria. Maria do “Seu Quim”, Maria de Jesus. Olhos azuis, cabelos longos e loiros, e um jeito tão puro que fazia lembrar a santinha do altar da matriz. Sonhadora por excelência, sonhava com príncipes e castelos, enquanto ajudava o pai no balcão do armazém.
No primário se conheceram, os olhares cruzavam-se e fugiam um do outro. No ginásio aproximaram-se. Os olhares cruzavam-se, porém não queriam mais fugir. Então, andavam juntos, falavam pouco, beijavam-se muito. Para Maria: o príncipe dos seus sonhos. Para João: o prazer da vida vivida.
Correu o tempo e, então, falavam muito, beijavam-se pouco, discutiam sempre. Os olhos dela não acreditavam nos olhos dele que desconfiavam da maneira furtiva dela olhar. Conheceram a dor. Não andavam mais juntos, não beijavam-se mais. Para Maria: o castelo que desmoronou. Para João: o fim do prazer.
Para não pensar nela, João pensou na vida. Escondeu-se atrás dos livros, foi morar na capital. Conheceu muitas mulheres, mas nenhuma era Maria. Detrás do balcão do armazém, Maria saiu. Buscou refúgio na casa da tia e não achou graça nos homens que conheceu.
Mas, por essas e outras que acontecem na vida – dessas coisas que não se explicam – outro dia se encontraram. Os olhares se cruzaram e fugiram um do outro, como nos tempos do primário. E no dia seguinte, na pracinha da matriz, novamente cruzaram-se os olhares, e, como nos tempos do ginásio, não quiseram mais fugir.
Dentre as coisas que não se explicam, aplica-se as coisas do coração. Era apenas João, igual a tantos “Joões”. De pé descalço jogava bola, subia em árvores, e nos dias de chuva corria no meio da enxurrada. Vivia a vida sem pensar nela. Vivia por prazer. Do outro lado, era Maria. Maria do “Seu Quim”, Maria de Jesus. Olhos azuis, cabelos longos e loiros, e um jeito tão puro que fazia lembrar a santinha do altar da matriz. Sonhadora por excelência, sonhava com príncipes e castelos, enquanto ajudava o pai no balcão do armazém.
No primário se conheceram, os olhares cruzavam-se e fugiam um do outro. No ginásio aproximaram-se. Os olhares cruzavam-se, porém não queriam mais fugir. Então, andavam juntos, falavam pouco, beijavam-se muito. Para Maria: o príncipe dos seus sonhos. Para João: o prazer da vida vivida.
Correu o tempo e, então, falavam muito, beijavam-se pouco, discutiam sempre. Os olhos dela não acreditavam nos olhos dele que desconfiavam da maneira furtiva dela olhar. Conheceram a dor. Não andavam mais juntos, não beijavam-se mais. Para Maria: o castelo que desmoronou. Para João: o fim do prazer.
Para não pensar nela, João pensou na vida. Escondeu-se atrás dos livros, foi morar na capital. Conheceu muitas mulheres, mas nenhuma era Maria. Detrás do balcão do armazém, Maria saiu. Buscou refúgio na casa da tia e não achou graça nos homens que conheceu.
Mas, por essas e outras que acontecem na vida – dessas coisas que não se explicam – outro dia se encontraram. Os olhares se cruzaram e fugiram um do outro, como nos tempos do primário. E no dia seguinte, na pracinha da matriz, novamente cruzaram-se os olhares, e, como nos tempos do ginásio, não quiseram mais fugir.